As Rias Baixas galegas constituem um troço de costa em que a terra e o mar se alternam e se abraçam constantemente.
Como eixo de forças naturais da Ria de Pontevedra e graças à sua localização estratégica, a ilha do Tambo teve uma relevância prematura desde a época da cultura castreña, na Idade do Ferro. Se bem que mais tarde não teve muita intensidade vital por ser um pedregulho considerável, foi um local de descanso e vida monástica e devido ao seu ambiente subaquático é, e tem sido, uma fonte de riquezas desde tempos remotos de incrível produtividade, especialmente de marisco.
É a partir do ano de 1943, momento em que passa a ser propriedade do Ministério da Defesa, quando sua imagem paisagística identificadora formada por espécies nativas e o produto de vestígios de edificações de seu passado começou a se transformar a partir de um extenso plantio de eucaliptos e outras espécies invasoras que junto com as novas edificações que vão sendo erguidas modificam a natureza do lugar. Desta forma, propõe-se identificar e detalhar os elementos da sua paisagem cultural como peças-chave na realização de um projeto de urbanismo e espaço público que permita a revalorização da ilha de forma a recuperar a sua identidade sustentada na natureza com. biodiversidade variada em sua flora e fauna, bem como rica na sua arquitetura patrimonial.
A metodologia proposta apresenta várias técnicas de recolha de informação para posterior análise, tais como: observação directa da ilha, escolhendo diferentes horários e momentos ao longo do dia, entrevistas com diferentes pessoas relacionadas com a ilha de diferentes perspectivas e profissões, fotografia, análise documental em diferentes locais públicos e privados, bem como recolha de notas de campo durante a permanência na ilha. A Dissertação está estruturada em sete capítulos, através dos quais o problema em estudo pode ser contextualizado para concluir no desenvolvimento do Projeto de Urbanismo e Espaço Público na ilha do Tambo.
Após a investigação efectuada, e em resposta aos objectivos, propõe-se no local uma estratégia de intervenção que procurará fortalecer e unificar o conjunto de elementos identificadores da sua paisagem cultural como peças-chave da sua história, através de uma utilização sustentável do mesmo que reordene, conserve e recupere os elementos que estão ocultos, danificados, distorcidos ou ausentes.
Do mesmo modo, esta estratégia irá gerar novas dinâmicas no espaço da ilha, graças à disponibilização de novos elementos compatíveis com a topografia e paisagem do local, tais como miradouros, áreas de descanso, teatro ao ar livre ou recintos de museus, entre outros, reforçando a funcionalidade e reavaliação da ilha do Tambo e seus arredores. Oferecendo aos seus visitantes a oportunidade de descobrir o local graças a um grande espaço público de grande valor na sua paisagem cultural.